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Dia 18 de junho, segunda-feira

A sexta-feira começou com um desabafo do pai de um policial militar morto, atropelado por bandidos em Duque de Caxias: “Minha vida acabou, meu primogênito morreu. Eu sou pai do cabo Abraão que faleceu aqui hoje. É só mais um Silva neste estado que a gente é governado por um fantoche. Interventores, cadê vocês?”

O PM foi morto junto com a esposa, atropelados por um carro de bandidos. O casal deixa uma filha de 9 e um filho de 3. “Essa é mais uma desgraça que me atingiu, amanhã vai estar chegando em vocês. Hoje chegou na minha família. Hoje terei que sepultar meu filho e minha nora. Vou ter que cuidar dos meus dois netos que ficaram órfãos. A minha maior dor aqui é que vou ter que ser frio pra resolver essa situação. 

Tenho um neto de 3 anos para explicar o que aconteceu ao pai dele. O que vou dizer aos meus netos?”, questionou. 

O Batalhão de Choque fez uma operação no Morro da Coroa, no bairro de Santa Teresa na cidade do Rio de Janeiro, com forte tiroteio que assustou os moradores. A PM informou que os policiais, ao chegarem ao morro, foram atacados pelos bandidos.

O Atlas da Violência 2018, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, apontou Queimados, município da Baixada Fluminense, como o mais violento do País. A taxa de homicídios da cidade é de 134,9 por 100 mil habitantes. A cidade de Japeri, também na Baixada Fluminense, ficou em sexto lugar no Atlas. 

Os dados do Atlas mostraram a gravidade da situação no estado. Dos 123 municípios que concentram mortes violentas no Brasil, 33 são do Rio ou da Bahia. O coordenador do estudo, Daniel Cerqueira, disse que é preciso investir “em uma Polícia baseada na inteligência e também em programas sociais e educacionais”. O estudo mostra que existe forte relação entre condições educacionais, oportunidades laborais e mortes violentas.

O SESC Rio reconheceu problemas de atraso nos repasses do programa Segurança Presente no Méier, Aterro do Flamengo e Lagoa na cidade do Rio de Janeiro. Os atrasos já chegam há 2 meses e provocaram uma redução de policiais nas ações. O SESC afirma que pagará hoje os atrasos. 

Em Niterói, a Guarda Municipal enfrenta problemas com pistolas de choque. Das 128 armas disponíveis, 53 não funcionam. A denúncia foi feita pela Associação dos Funcionários da Guarda Municipal. A Prefeitura contestou os dados e anunciou que está concluindo processo para compra de mais 170 pistolas. Também em Niterói, o programa Segurança Presente vive atraso nos pagamentos. A Prefeitura ainda não repassou recursos para o governo do estado.

A insegurança tomou conta de uma das principais praças de Niterói. O Jardim São João está sem iluminação, com alta concentração de população de rua e profunda degradação que leva medo a toda população que passa diariamente na praça. 

Em maio de 2018, mortes em confronto com a Polícia aumentaram 46% em relação a 2017. Os dados são do balanço mensal do Instituto de Segurança Pública.

No sábado, o crime contra agências bancárias teve continuidade. Desta vez, bandidos explodiram uma agência na Zona Norte da cidade do Rio e fizeram reféns.

A Prefeitura diz que está tudo bem, mas a sensação da população é totalmente diferente. Na noite de sábado, um traficante morreu em um confronto com a polícia na favela da Rocinha. A PM informou que os policiais foram atacados por bandidos durante patrulhamento na localidade conhecida por valão. A polícia reagiu e o traficante, que ainda não foi reconhecido, morreu.

Também no sábado um homem foi preso com 45kg de cocaína que seriam entregues na favela da Maré. A droga estava escondida no banco traseiro de um carro. A prisão foi realizada na BR-040 pela Polícia Rodoviária Federal e o motorista confessou que receberia R$ 2 mil pela entrega.

O antigo campus da Universidade Gama Filho, em Piedade, no Rio de Janeiro, virou um local de ladrões e usuários de crack. A falência da universidade deixou prédios vazios que passaram a ser saqueados periodicamente. Assaltos viraram constância na região e usuários de crack invadiram os prédios abandonados.

Foi publicada, no Diário Oficial do estado do Rio de Janeiro, a convocação de 79 concursados para o Departamento Geral de Ações Socioeducativas (DEGASE). Eles esperavam desde 2015 iniciar o trabalho. O concurso foi realizado em 2012; o curso de formação em 2015. Os novos servidores substituirão os contratos temporários e ficarão lotados no sistema de serviços socioeducativos com adolescentes infratores.

Na sexta-feira, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, sugeriu que a intervenção no estado do Rio de Janeiro seja prorrogada por mais um ano. Ele acredita que o trabalho ainda deve continuar e que o próximo presidente da República deve abrir um diálogo com o novo governador. “Dado o avanço que vai acontecer, eu acredito que o futuro governante do Rio de Janeiro agiria de bom senso se se dispuser a prolongar pelo menos por mais um ano esta intervenção. Porque é o tempo necessário para que a gente possa concluir o legado. Se nós tivermos mais tempo, melhores resultados virão”, argumentou.

No sábado, quatro meses após a intervenção, foram divulgados dados mostrando que o número de tiroteios aumentou em 36%. Os dados são do Observatório da Intervenção Cândido Mendes, grupo formado por especialistas independentes para acompanhar as ações da intervenção. Durante a apresentação no sábado, foram feitas muitas críticas. Coube ao professor Sílvia Ramos afirmar em nota: “A intervenção federal parece se resumir a incursões em comunidades, cada vez maiores e mais caras”, criticou. 

“Precisamos de inteligência, medidas estruturantes, de integração das forças, de combate à corrupção e diálogo com a sociedade. A intervenção prometeu tudo isso. Mas está entregando operações, tiroteios e mais mortos em confrontos, inclusive policiais”. O Observatório Cândido Mendes usou os dados do aplicativo Fogo Cruzado desde 16 de fevereiro. Em 2018, foram 3.210 tiroteios e no mesmo período em 2017 foram 2.355.

Os especialistas também disseram que as forças de segurança não prestam informações sobre suas ações. Foram enviados 77 requerimentos baseados na Lei de Acesso à Informação, destes 37 foram indeferidos em 7 de maio e 37 em 7 de junho. A Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro seguiu preferindo não comentar as críticas dos especialistas.

Hoje o Plano Estratégico da Intervenção Federal foi entregue oficialmente aos integrantes da Comissão Externa da Câmara dos Deputados que acompanha os trabalhos da intervenção. O plano contém cinco objetivos estratégicos e 66 ações.

Até amanhã,

Equipe do Olerj