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Dia 2 de abril, segunda-feira

A quarta-feira passada (28) foi o primeiro dia em que o Exército iniciou patrulhamento de rua. A ação não estava no planejamento da intervenção, mas foi de forma pontual e apenas durante o dia. Mesmo assim gerou muitos questionamentos entre a população, que segue preocupada com a sensação de insegurança. 

 O Gabinete da Intervenção informou que o patrulhamento tem um modelo dinâmico, não fica estanque e sim circulando pela cidade. As áreas patrulhadas na nova modalidade foram a Zona Sul, a Zona Norte e parte do Centro. A segurança pública do estado recebeu seus veículos blindados como um primeiro passo para reestruturação das viaturas das polícias Militar e Civil. No mesmo dia, houve um tiroteio no Leblon. O general disse que a presença das Forças Armadas na rua será importante para liberar os PMs para participarem de treinamentos. Além disso, confirmou que acompanha de perto o caso Marielle Franco.

Na quinta-feira (29), o secretário estadual de Administração Penitenciária, David Anthony, reconheceu inúmeros erros na inspeção ocorrida, dois dias antes, no presídio Bangu 3. A varredura contou com 400 homens, mas foi considerada mal planejada e mal realizada. Segundo o secretário, o resultado foi pífio. Há suspeita também de vazamentos. 

Agentes penitenciários disseram que os presos tiveram entre três e cinco horas para se livrarem do que seria suspeito. Eles registraram cinco erros: saídas de esgoto sem monitoramento; demora para retirada de presos das celas; quebra dos protocolos; informações abertas para muitas pessoas; falta de autoridades na inspeção. A intervenção, no entanto, considerou válida a varredura, pois os erros nessa inspeção ajudarão em outras. 

O secretário de Segurança do Rio de Janeiro, general Richard Nunes, disse em entrevista que metade das 38 Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio terão suas funções redefinidas. O general disse que manterá apenas as que funcionam bem. Ele citou o exemplo da UPP da favela Santa Marta e confirmou o fim da UPP de Vila Kennedy para que os policiais reforcem o 14º Batalhão. Ainda não se sabe o destino da unidade da Rocinha.

Ainda na quinta-feira, a violência fez mais uma vítima na Rocinha: um homem de 28 anos que estava com o filho no colo foi morto. Com as mortes do fim de semana, o número de vítimas em uma semana subiu para nove. Desde setembro, 53 pessoas já morreram na Rocinha, sendo dois PMs e um turista. 

A cidade de Paraty também viveu momentos difíceis com ladrões incendiando carros na cidade, depois de arrombarem dois bancos. Antes de fugirem em lanchas, os bandidos, armados de fuzis, espalharam grampos pela cidade com a intenção de furar os pneus dos carros.

Paraty é uma das cidades que mais sofrem com o aumento da violência no estado. Facções criminosas disputam com violência territórios na cidade. Os índices de letalidade não param de crescer. Segundo o Instituto de Segurança Pública, foram 24 homicídios em 2012 e 31 em 2017. A intervenção já definiu Paraty como uma alvo estratégico para a segurança pública do estado.

Na sexta-feira (30), testes de segurança realizados nas 290 novas viaturas da PM identificaram riscos graves de ferimentos em casos de batida. Além disso, não foi possível a blindagem dos veículos. A Secretaria de Segurança e o Gabinete de Intervenção Federal não quiseram comentar a avaliação. A atual frota da PM tem 5.350 carros, sendo que 1.838 estão inutilizados.

No sábado (31), o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, provocou polêmica ao dizer que a sociedade deve reagir à ideia de que criminoso é vítima de mesquinhez social. O general disse que a verdadeira vítima é a sociedade. Ele também defendeu o reaparelhamento das estruturas de segurança, melhorias das condições de trabalho e a valorização social do policial. No mesmo dia, foi enterrado o cabo Raphael de Oliveira Monteiro, o trigésimo policial militar assassinado nos primeiros 90 dias de 2018. O comandante da PM, coronel Luiz Cláudio Laviano, esteve presente no funeral e reafirmou que o estado vive uma “eterna luta do bem contra o mal”. No mesmo momento, familiares se despediam do ajudante de pedreiro Deivison Farias de Moura, assassinado na última quinta-feira, na varanda de sua casa na Rocinha.

Ontem, domingo (01), o problema da superpopulação nos presídios de Niterói foi apresentado à intervenção. O Instituto Penal Edgard Costa, por exemplo, tem 198% de sua capacidade ocupada. Um dos mais graves problemas identificados no sistema penitenciário do município é a quantidade de presos provisórios: 46% dos detentos não foram julgados nem condenados, mas estão lotando os presídios.  As seis unidades do sistema penitenciário da cidade estão sucateadas e sem perspectivas para solucionar os problemas.

Até amanhã, 

Equipe do Olerj