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Dia 9 de abril, segunda-feira

Na sexta-feira (6), a Polícia Civil fez uma megaoperação para cumprir 50 mandados de prisão contra traficantes do bairro Santa Teresa. Trezentos agentes policiais realizaram as ações nos morros do Escondidinho, Prazeres, Fogueteiro e Fallet, que são dos mais complicados do ponto de vista da segurança na cidade do Rio de Janeiro. Por conta das operações, houve intensa troca de tiros e grave confronto entre as forças policiais e os bandidos.

 A investigação, motivada por vídeos gravados e de imagens de redes sociais em pontos de venda de drogas, foi conduzida pela 7ª Delegacia de Polícia. O Batalhão de Ações com Cães participou da ação.  

 O Serviço Nacional da Indústria (SENAI) da Tijuca foi o local onde se escondeu o bandido que havia praticado roubo no bairro de Benfica. No Bairro de Pilares, um policial militar trocou tiros com um trio de bandidos que tentava roubar um carro na Avenida Dom Helder Câmara. E, no Morro da Providência, um PM da Unidade Polícia Pacificadora (UPP) foi baleado na perna por um disparo vindo da comunidade. O carro do coordenador da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária foi roubado dentro do complexo de presídios de Bangu.

Também na sexta, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos recebeu dossiê sobre chacina que matou oito pessoas no Morro do Salgueiro, em São Gonçalo, cidade da região metropolitana do Rio de Janeiro. O documento de 46 páginas foi entregue pelos defensores públicos Rodrigo Pacheco e Daniel Lozoya ao secretário-executivo da comissão, Paulo Abraão. A entrega foi realizada na sede da Comissão em Washington, nos Estados Unidos. 

O documento foi assinado pela Defensoria Pública do Estado do Rio e pelas ONGs Movimento Negro Unificado, Instituto de Estudos da Religião e Criolla. A operação que resultou nas mortes, ocorrida em novembro do ano passado, foi coordenada pelo Exército e pela Polícia Civil. 

A Defensoria Pública da União suspendeu o atendimento aos moradores de São Gonçalo desde 27 de março, alegando restrições orçamentárias. A notícia levou preocupação à comunidade, pois trata-se de uma cidade pobre, com enormes violações de direitos e que requer representação pública de defesa. Sete defensores públicos deixarão de atender uma média de 25 mil pessoas. 

Na sexta, a Delegacia de Homicídios intimou três vereadores para depor no caso do assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Os intimados a depor são Marcelo Siciliano (PHS) e Jair Mendes (PMN). O terceiro nome não foi divulgado. Na quinta, já havia prestado depoimento o vereador Zico Bacana, que foi citado na Comissão Parlamentar de Inquérito das Milícias. 

Os vereadores do Psol Renato Cinco e Babá já haviam prestado depoimento, bem como Italo Ciba, do Avante. O general Walter Braga Netto, interventor da Segurança Pública, informou ao presidente Michel Temer que as investigações sobre o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes avançaram muito.

No final da tarde de sexta, houve um forte tiroteio na favela do Vidigal. A tensão foi tão forte que a Avenida Niemeyer chegou a ser fechada. As redes sociais transmitiam ao vivo todo o episódio de violência. Segundo a UPP da comunidade, criminosos entraram em confronto entre eles próprios. Moradores relataram que a favela foi invadida por uma facção rival. 

Durante a noite, um homem foi preso com fuzil dentro de um táxi a caminho da Rocinha. Em Nova Iguaçu, o carro do paratleta Jadir Nunes, de 52 anos, foi roubado. Ele tem as duas pernas amputadas e precisou se arrastar por 50 metros em busca de socorro. 

Ainda na sexta um PM foi preso o soldado Glaucio Gomes, quando recebia um carregamento de milhares de fuzis. Ele é suspeito de liderar uma quadrilha que fazia tráfico de munições entre o Mato Grosso do Sul e o Rio de Janeiro.

No sábado (7), o Jornal OGlobo Niterói repercutiu a decisão do comércio de se mobilizar contra a violência. Os dados do Instituto de Segurança Pública mostram um aumento de 300% no número de roubos e o setor, que se sente muito prejudicado, resolveu reagir. A Câmara de Dirigentes Lojistas afirmou que a violência faz com que as lojas fechem mais cedo. Como consequência, o serviço delivery aumentou 21%. Alguns estabelecimentos estão fechando as portas por conta do impacto da criminalidade. 

Outra reportagem do jornal OGlobo apresentou uma análise de cartas feitas pelos prisioneiros do estado. Em sua maioria, detentos cobram direitos como progressão da pena, acesso a advogado e aval para saída temporária. O estudo foi feito a partir de 8.818 cartas que chegaram a Ouvidoria dos Serviços Penais do Departamento Penitenciário Nacional em 2016. O Projeto Cartas do Cárcere foi executado pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio. 

No sábado, a Polícia prendeu 149 suspeitos de atuar em milícias na região de Santa Cruz. Entre os presos, dois eram soldados do Exército e um da Aeronáutica. Foram apreendidos 25 fuzis e 20 pistolas. Quatro criminosos morreram na ação. A Polícia afirmou que os milicianos fazem parte da quadrilha de Wellington da Silva Braga, conhecido como Ecko. Em represália à operação, bandidos atearam fogo na estação de ônibus do BRT Cesarão 3. O corredor Transoeste foi interrompido nas linhas 15 e 17. 

Segundo o secretário de Segurança Pública, general Richard Nunes, outras ações de combate à milícia serão realizadas. O chefe da Polícia Civil, delegado Rivaldo Barbosa, disse que a Polícia Civil entrega para a Justiça parte de uma operação criminosa que ainda tenta se impor no estado do Rio. “Nós não vamos diminuir nossas forças e vamos atuar incessantemente contra a milícia”, garantiu.

Richard Nunes também afirmou que a sociedade do Rio pode confiar na intervenção federal. “A criminalidade vai sofrer uma ação implacável, porque o Rio precisa voltar a ser uma terra feliz, de um povo alegre, confiante, de trabalhador que merece uma vida melhor”, completou.

No sábado de manhã, um policial militar foi preso por matar um policial civil a tiros em Realengo, em maio de 2016. A prisão resultou de uma investigação, iniciada em 2017.

No fim da tarde, o soldado da Polícia Militar, Glaucio Martins, foi preso com outros três homens por integrarem uma quadrilha de munição. A quadrilha atuava em todo estado. As penas podem chegar a 14 anos. Eles responderão por porte ilegal de munição de uso restrito e por organização criminosa. 

Também no sábado, criminosos fecharam os túneis Santa Bárbara e Noel Rosa no Rio de Janeiro. Eles fizeram um arrastão entre os carros parados. O Batalhão de Botafogo foi acionado pelo Centro de Operações da Prefeitura. No morro dos Macacos, houve tiroteio quando policiais da UPP chegaram para interditar uma festa que não havia sido autorizada.

No domingo (8), a polícia prendeu um acusado de ter assassinado um pai de família na frente do filho dele, de 5 anos. O crime ocorreu no dia 14 de março. Segundo os agentes da Delegacia de Homicídios, Victor Diniz de Oliveira confessou o crime. Sua prisão temporária foi pedida por 30 dias. As imagens do crime chocaram a cidade pois a criança viu o pai ser atingido e morrer.

A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária negociava audiência de custódia para os milicianos presos na operação de sábado. A ideia é impedir a locomoção dos criminosos pela cidade, o que iria requerer forte esquema de segurança. 

O número de presos e acusados de milícia já havia chegado a 168, no domingo. Todos foram transferidos durante da Cidade da Polícia para a Cadeia Pública Frederico Marques para serem registrados  no sistema, mas em seguida foram levados para a Penitenciária Bandeira Stampa, no Complexo de Gericinó. 

O porta-voz do Exército, Carlos Cibelli, disse que as tropas já estão nas vias expressas e que a inteligência agirá contra as milícias. “Está tendo patrulhamento à noite e vai continuar. Não tem previsão até quando. Varia em função da demanda”. O fato é que as Forças Armadas estão patrulhando as ruas da cidade à noite. Além da orla, Tijuca e Méier, as operações estão nas vias expressas.

Até amanhã,

Equipe do Olerj