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A favela de Vila Kennedy

A favela Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio, foi escolhida para início do trabalho da intervenção federal na segurança pública do estado do Rio e deverá servir de modelo para outras ações.

O local que se transformou em favela foi o primeiro conjunto habitacional da cidade, inaugurado em 1964, e hoje integra outras comunidades, como Alto Congo, Vila Progresso, Sapo, Pica Pau, onde vivem mais de 40 mil pessoas.

Para atender à população, a favela dispõe de duas escolas estaduais e três unidades de saúde, uma de pronto-atendimento e duas de saúde básica.

Em 2014, com altos índices de violência, a Vila Kennedy recebeu uma Unidade de Polícia Pacificadora, UPP, tendo sido ocupada por 300 homens das forças especiais da Polícia Miltiar.

Moradores dizem que nada resta dos serviços que foram implantados com a chegada da UPP. E em fevereiro último, o subcomandante da unidade foi assassinado.

Dentro da favela, mesmo com a intervenção, continuam acontecendo episódios de violência. A igreja da comunidade foi assaltada; um idoso morreu, vítima de uma bala perdida; e uma mulher foi baleada.
 

Rio de Janeiro - Forças Armadas fazem mais uma operação na Vila Kennedy, zona oesta da cidade (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Rio de Janeiro. Forças Armadas fazem mais uma operação na Vila Kennedy (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

 

ENTREVISTA

A equipe do Observatório conversou com uma moradora de Vila Kennedy, enquanto ela esperava o ônibus, fora da comunidade. O Observatório prefere não identificar a identidade da entrevista. 

A senhora está indo para o trabalho?
Isso. E ainda tem muita estrada até chegar lá. Trabalho lá na Zona Sul.

O transporte é fácil daqui pra lá?

Claro que não. Não tem nada fácil pra pobre! Mas vou confiando em Deus que é o único que me protege do mal do mundo.

Qual mal do mundo?
Mal é o que mais tem! Violência, desemprego e tem tanta covardia neste mundo que se eu for falar, não saio daqui hoje.

A senhora mora há muito tempo em Vila Kennedy?
Nasci, cresci, casei e tive meus cinco filhos aqui.

E gosta de morar aqui?
Minha casa é própria, não pago aluguel e dá pra viver. Tenho amigos aqui, minha família é daqui, e meus filhos estudam todos nas escolas aqui. Então eu gosto.

Não acha violento?
E onde não é violento? Agora pegaram no pé da Kennedy. Tem sempre alguma favela que parece que fica na moda. Agora é a gente aqui que não sai do jornal.

E a presença do Exército está ajudando?
E eu vou dizer que atrapalha? Olha, tá tudo ótimo aqui. Meu ônibus tá chegando...

A senhora sente medo aqui?
Quem tem Jesus não tem medo. Deixa eu ir!