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Mudanças na Segurança Pública em Niterói

A violência em Niterói

A cidade de Niterói tem uma população estimada em 496.696 habitantes. Uma cidade que possui o melhor índice de desenvolvimento humano (IDH) do estado do Rio de Janeiro, classificada em primeiro lugar no ranking estadual das 15 melhores cidades para se viver. Contudo Niterói também vive uma crise na segurança pública, com índices altos de violência em todas as regiões da cidade.

Segundo os índices do Instituto de Segurança Publica (ISP), Niterói registrou, em janeiro de 2018, 176 roubos de veículos, contra 122 roubos no ano de 2017. Os roubos em estabelecimentos comerciais triplicaram de 7 para 30 casos e, nas residências, de 4 para 12. Roubos a pedestres subiram de 162 para 338. Os roubos de carga de 3 para 14, e em coletivos de 16 para 22. Um panorama que demonstra que a violência disparou na região.

O site “Onde fui roubado” indica que 54,7% das pessoas vítimas de violência registraram o evento por meio de um boletim de ocorrências. Nesses registros, foram identificados os crimes e os seguintes números de ocorrência: 705 roubos; 229 furtos; 158 roubos de veículos; 106 assaltos a grupo; 47 tentativas de assalto; 22 arrombamentos de carros.

Os bairros com maior número de registro são: Icaraí, Centro, São Francisco, Fonseca, Ingá, Santa Rosa, Itaipu, São Domingos, Barreto, Piratininga.

 

Novo comando para o 12º Batalhão da Política Militar

Com um novo comandante, o tenente-coronel Márcio dos Santos Guimarães, vindo do comando do 38º Batalhão de Três Rios para ficar à frente do 12º Batalhão da Policia Militar, Niterói espera mudar este cenário de pavor e insegurança com ações que possam trazer expectativas melhores para os milhares de habitantes e comerciantes estabelecidos na região, para que tenham o direito de ir e vir, e não ficar refém da criminalidade. O novo comandante terá a missão de conter a violência nas cidades de Niterói e Maricá.

Em seu primeiro pronunciamento no cargo, Márcio Guimarães afirmou já ter planos para continuar o trabalho de seu antecessor: “Vamos alinhar o serviço do Setor de Inteligência (P-2) do batalhão com as delegacias da cidade para melhorarmos a eficiência na identificação das manchas de criminalidade nas áreas de atuação de cada delegacia”.

O novo comandante garante que possui planejamentos bem articulados para combater a onda de assaltos a estabelecimentos comerciais, o índice de roubos a transeuntes e coibir o tráfico de drogas nas comunidades. Paralelo às ações ostensivas, o coronel pretende implantar na cidade ações sociais desenvolvidas no seu último comando à frente do 38° Batalhão de Três Rios.

 

O Comandante

Morador da Cidade de Niterói desde 2002, o novo comandante, com 45 anos de idade e 27 anos dedicados à Polícia Militar, possui graduação em Segurança Pública, e é professor da Escola Superior da Polícia Militar.

Durante sua passagem à frente do 38° BPM de Três Rios, ficou mais de mil dias sem realizar disparos de arma de fogo. Os militares recebiam instrução continuada e sempre passavam por novas aulas de técnicas de abordagem não violenta, uma filosofia de trabalho que contribuiu para o crescimento das atividades policiais, com saldos positivos nas ocorrências criminais da região.

Como morador de Niterói, vivenciando a insegurança da cidade, o comandante pretende implementar programas que visem estreitar um canal de diálogo entre a sociedade e a corporação policial, como forma de estabelecer uma relação de confiança nas ações de ordem pública que serão executadas sob seu comando.

 

Um batalhão sem frota para patrulhar

Compete à Policia Militar desenvolver ações ostensivas a fim de garantir a segurança nos bairros de maior movimentação de pessoas, regiões de comércio, de lazer e culturais, utilizando estratégias que estabeleçam a ordem e segurança.

O trabalho se torna muito difícil quando o Batalhão da Polícia não possui ou tem reduzida a sua frota para patrulhar. O novo comandante de Niterói, que tem a missão de diminuir a violência na região, assume a pasta com a frota de viaturas reduzidas em 40%.

Ao Jornal O Fluminense, o comandante informou que, das 90 viaturas disponíveis para operação, cerca de 40% está inoperante, o que representa um déficit de 38 veículos. Para o comandante, este é um dos maiores obstáculos a ser enfrentado, agravado pela crise financeira no estado do Rio de Janeiro, que não possui recursos para prover a manutenção ou a compra de novos veículos.

 

Iniciativas para melhorar o funcionamento do patrulhamento

O tenente-coronel Márcio Guimarães pretende criar iniciativas que possam dar soluções para os veículos que estão parados por falta de manutenção. A ideia é propor uma parceria com o Poder Judiciário para que as pessoas em cumprimento de Prestação de Serviços Comunitários (PSC) possam comprar peças de manutenção e com isso restabelecer a frota de veículos, substituindo o pagamento de cestas básicas pela reposição de peças.

Com um efetivo maior de veículos, o comandante Márcio Guimarães estará beneficiando o 12º Batalhão da Policia Militar de Niterói e poderá solucionar o problema no patrulhamento da região. A medida trará também um resultado positivo para os policiais, que sem os veículos ficam expostos às situações de risco pessoal. A frota poderá alcançar também as regiões da cidade que se sentem indefesas e desprotegidas pela ausência de patrulhamento na cidade.

 

Entrevistas

O observatório entrevistou duas mulheres moradoras de Icaraí. Uma moradora do asfalto. Outra na favela.

Entrevista 1 - Moradora do asfalto

A senhora acha que Niterói é uma cidade violenta?

Demais. Todos vivem com medo. É um assalto atrás do outro. Eu não saio mais de noite e tenho de ir só a shoppings, pois na rua não dá.

O que a senhora achou das propostas do novo comandante do Batalhão de Polícia Militar?

Não conheço e nunca ouvi falar, mas com certeza deve ser mais um bla bla bla daqueles que a gente foi obrigada a se acostumar.

A Intervenção Federal na Segurança Publica melhorou os problemas de Niterói?

Claro que não. Tudo só se faz pensando no Rio e na Zona Sul. Desde a época das UPPs, a violência só aumenta em Niterói. Os bandidos vieram todos pra cá.

A senhora acredita que pode melhorar?

A resposta tem apenas uma palavra, e é NÃO.

Mas se não melhorar o que a senhora vai fazer?

Se eu pudesse já estaria fora do Brasil faz tempo. Nada vai mudar. Só piorar.

 

Entrevista 2 - Moradora da favela

A senhora acha que Niterói é uma cidade violenta?

É como toda cidade. Tem violência sim, mas não é uma cidade de violência. O povo reclama muito.

O que a senhora achou das propostas do novo comandante do Batalhão de Polícia Militar?

Nem sei do que a senhora tá falando. Mas polícia nunca tem boa ideia pra favelado não.

A intervenção federal na segurança pública melhorou os problemas de Niterói?

Eu não saberia dizer. Nem sei o que acontece. O dia voa e eu nem sei de nada.

A senhora acredita que pode melhorar?

Minha filha, se eu não acreditar que pode melhorar, minha situação encrenca, né? Preciso acreditar em alguma coisa, né? Se não melhorar, também não vai piorar e eu vou seguir com a vida. Fazer o quê? Passeata? Tô fora.