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Policiais militares mortos em serviço

A intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro precisa enfrentar uma triste realidade no estado: o alto índice de mortalidade de policiais.  

Somente em 2017 foram assassinados 134 policiais militares em serviço. O Instituto de Segurança Pública (ISP) divulgou os dados referentes a janeiro de 2018 comparando com o mesmo mês de 2017. No ano passado, foram mortos quatro PMs. Em janeiro deste ano, cinco PMs. Em relação aos policiais civis, não houve mortos em janeiro de 2017. Em janeiro deste ano, houve um óbito.

O ISP também publicou dados trimestrais. Entre novembro de 2016 e janeiro de 2017, quinze PMs morreram em serviço. Nenhum policial civil foi morto. Entre novembro de 2017 e janeiro de 2018, doze PMs foram mortos e um policial civil.

Não poderá haver segurança pública, sem condições de trabalho para que policiais possam efetivamente proteger a cidade e seus moradores. Um dos maiores desafios da intervenção federal na segurança pública no Rio de janeiro é reorganizar o sistema policial e reestruturar as polícias.

ENTREVISTA


A conversa deste Retrato é com um oficial da Polícia Militar do Rio de Janeiro, que terá a identidade preservada.

Como o senhor avalia a intervenção na segurança pública no estado do Rio?
Ela é necessária, não tenha dúvida. Sobretudo para a polícia, que vem trabalhando com muita precariedade já faz tempo.

Que tipo de precariedade?
Todo tipo de precariedade. Desde falta de viatura, falta de munição, coletes à prova de bala vencidos e falta de contingente. Sem falar nos salários atrasados. Policiais são trabalhadores, pais de família, que enfrentam todos os riscos neste cenário de violência que temos visto no Rio.

Como a morte de tantos policiais durante o serviço afeta a corporação?
Como afeta? Vou ser sincero: causa medo. Medo de ser o próximo. Eu já fui a muitos enterros de colegas que deixaram aí família, esposa, filhos pequenos. É muito triste e bate medo sim. Tem muito colega que está de licença médica, tomando remédio para ansiedade, depressão, pânico... Não é fácil ver tanta morte não.

O senhor tem medo de morrer?
Eu confio muito em Deus e sei que ele me guia e controla meus passos, mas me preocupo sim com minha família, deixar a esposa, os filhos... É uma preocupação permanente sim.

O que o senhor acha que deve ser feito?
Antes de mais nada, tem que pagar os nossos salários em dia! Também melhorar as condições de atendimento dos nossos hospitais e garantir o cuidado para nossas famílias para a gente poder trabalhar com o mínimo de tranquilidade. A gente é policial militar e sabe que a realidade é trabalhar com riscos, correndo riscos. Mas esses riscos cresceram demais. Precisamos de munição, armamento, mais segurança e estrutura.

O senhor acredita que a intervenção trará resultados?
Se apoiar a polícia, sim. Se a gente continuar abandonado, não vai dar certo, porque nós somos as forças de segurança que vão ficar aqui, nosso trabalho é permanente e precisa ser apoiado e valorizado.