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Unidade de Polícia Pacificadora, UPP

O Programa de Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) foi implantado no Rio de Janeiro em 2008, como uma estratégia de ocupação de favelas para o combate ao domínio do tráfico de drogas e à violência, mas também para estabelecer uma nova relação com as comunidades.

A primeira UPP foi instalada na Favela Santa Marta, em Botafogo, Zona Sul do Rio, em 19 de dezembro de 2008. A experiência no Morro Santa Marta tornou-se referência para a atuação das unidades e indicava os caminhos para uma política pública de segurança bem sucedida.

Quadro de evolução da implantação das UPPs

EVOLUÇÃO IMPLANTAÇÃO UPPS.png

Atualmente há 38 unidades ativas: 37 na cidade do Rio de Janeiro e uma em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, com mais de 9.500 policiais com treinamento em polícia de proximidade.

Quadro atual

MAPA UPP.png

Segundo informações do site oficial das UPPs, há 1,5 milhão de pessoas beneficiadas em 264 territórios que já estariam retomados pelo estado. Essas áreas somam 9,5 milhões de metros quadrados.

Mas o projeto veio perdendo fôlego nos últimos quatro anos. A última unidade foi inaugurada em 2014. Em fevereiro deste ano, o comandante da Polícia Militar do Rio declarou que a corporação estava estudando a possibilidade de reduzir o número de unidades para vinte, deslocando o efetivo de policiais para o trabalho nas ruas da cidade.

O orçamento do estado para a manutenção das unidades vem sendo continuamente reduzido e a imprensa noticia com frequência o sucateamento das instalações e as dificuldades enfrentadas pelos policiais lotados nas UPPs.

ENTREVISTA

O Observatório entrevistou um policial militar de uma das mais antigas UPPs do Rio. Mantemos a localização da unidade em sigilo para não haver riscos para o policial.

Você acha que a relação da comunidade com a Unidade de Polícia Pacificadora mudou desde o início de sua implantação?
Mudou. Ela não é 100%. E é melhor com os retirantes nordestinos do que com quem nasceu na comunidade. A relação não é positiva, por conta do próprio quadro atual da UPP.

A UPP já é vista como um serviço para a comunidade ou ainda é um “corpo estranho” na favela?
Quando é interessante para a comunidade, sim. Exemplo: quando é preciso prestar socorro, quando alguém passa mal. Fora isso, somos execrados pela comunidade que só nos enxerga de forma repressiva.  Por exemplo, nas abordagens aos moradores. E a polícia chegou sozinha na comunidade sem oferecer os outros serviços.

Já é possível falar em pacificação, de fato, na comunidade?
Não. O projeto da UPP veio para cercar a Zona Sul e a Zona Norte nos grandes eventos da cidade. A UPP foi boa, mas não funcionou como deveria.

A gente sabe que os recursos para a manutenção das UPPs foram muito reduzidos. Como isso afeta o trabalho aqui na favela?
Quando perde os recursos, a gente não tem o que oferecer para a comunidade.

Quais são os principais problemas vividos pelos policiais na UPP?
Os ataques à unidade. A área é muito vulnerável. Estamos no quintal dos outros e com muita facilidade para ser atacado. A comunidade só tem uma via principal e o terreno não favorece, expõe o policial.

Como é possível melhorar as condições de trabalho do policial na comunidade?
No geral, em tudo. Precisa rever as leis. Por exemplo, o meliante é preso e daqui a pouco é solto. Isso dá uma sensação da impunidade.

A intervenção na segurança pública pode ajudar o trabalho da UPP? Como?

Pode sim, todo aspecto de segurança é bem-vindo. Mas ainda não sentimos esse aspecto, ainda não trouxe impacto, porque está na fase de planejamento. 

Você enxerga alguma luz no fim do túnel da violência no Rio de Janeiro?
Tá difícil em todos os aspectos. A população adquiriu o pensamento de levar vantagem em tudo. É cultural. A violência está em todas as esferas, está muito disseminada. Nesse aspecto, a polícia é o mínimo. A consciência das pessoas é que vai determinar.